segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sylvia Orthof

A Fada Dondoca

A Fada Dondoca
Adora goiaba,
Só come no escuro,
Goiaba madura...

- Tenho medo, nojo
de ver bicho de goiaba.
Prefiro comer de noite,
Assim, não enxergo nada.

Sylvia Orthof




Menino que olha o trem



Menino que olha o trem,
não deixe passar o tempo,
faça a mala da poesia,
embarque no assanhamento,
abra a cara num sorriso!

Menino, meu garotinho,
não tenha muito juízo!

Sylvia Orthof




Que rata!

Uma bruxa varredeira
Foi varrer certo castelo,
Todo verde e amarelo.

Encontrou um camundongo
Bem redondo, que chorava.

- O que foi que aconteceu,
Me diga, que eu não sei?

- Dona Bruxa, eu já fui rei,
Mas beijei minha rainha
E camundongo eu virei...
E a rainha, coitada,
Parece enfeitiçada,
Virou gorducha ratinha!

- Faça assim, meu camundongo,
Pra desfazer o barato
De ser realeza rato:
Sapeca um beijo longo
Na ponta do meu nariz.
Novo rei serás de fato,
Pra sempre serás feliz!

Camundongo, encabulado,
Deu um beijo prolongado
Na bruxa, tão nariguda,
Bem na ponta da verruga.

A bruxa virou rainha
Camundongo virou rei,
Ratinha virou vassoura
Muito loura e avoada,
Voou pra longe, correndo,
E fez queixa pr’uma fada
Que queria uma vassoura
Pra varrer sua morada.

Sylvia Orthof




A Poesia é Uma Pulga

A poesia é uma pulga,
coça, coça, me chateia,
entrou por dentro da meia,
saiu por fora da orelha,
faz zumbido de abelha,
mexe, mexe, não se cansa,
nas palavras se balança,
fala, fala, não se cala,
a poesia é uma pulga,
de pular não tem receio,
adora pular na escola...
Só na hora do recreio!

Sylvia Orthof




CONTAGEM

Você já contou estrelas?

E nuvens? E passarinhos?

Já contou quantos dedinhos

têm os pés da centopéia?

Já contou quantas histórias

cabem dentro das idéias?

Já pensou quantas bestagens

podem ser inteligentes?

Já contou quantos gemidos

cabem numa dor de dente?

Já pensou quantas mentiras

escondem certa verdade?

Quantas grades e gaiolas

trancam nossa liberdade?

Sylvia Orthof




Vassoural

A bruxa tem um jardim

plantadinho de vassouras.

Quando as vassouras se esticam,

amarelam bem maduras,

elas se largam no chão

e voam pela noite escura.

Varre, varre, vassourinha

varre o preto e mostra a lua,

varre a noite, limpa a estrela

poesia ninguém segura.

Sylvia Orthof

domingo, 20 de março de 2011

terça-feira, 15 de março de 2011